Aos 72 anos e com mais cinco de mandato no topo do Estado, Marcelo Rebelo de Sousa prepara-se para o maior desafio político da sua vida.
Reeleito em condições absolutamente excecionais, no meio duma pandemia que confinou o país e ameaçou com uma abstenção acima dos 70%, Marcelo Rebelo de Sousa conseguiu ser reeleito à primeira volta com mais de 60%, um feito inalcançado por todos os seus antecessores à exceção de Mário Soares, cuja reeleição aconteceu em condições muito mais favoráveis.
No discurso de vitória de Marcelo Rebelo de Sousa há cinco anos, Marcelo apontou como objetivos centrais “Unir aquilo que as conjunturas dividem” e “incentivar um bom relacionamento entre órgãos de soberania”. Mas a frase chave da sua primeira eleição foi outra: “Serei o primeiro a querer que o Governo governe com sucesso e que a oposição seja ativa e representativa”.
Ontem no discurso da grande vitória, o Presidente eleito disse ”a minha primeira missão nas próximas semanas e meses é o combate à pandemia em solidariedade institucional total com a Assembleia da República e com o Governo”. E solidariedade total não é coisa pouca.
Mas Marcelo também disse ter “entendido e retirado ilações” deste combate – que “os portugueses querem mais e melhor”. E ele próprio tem na agenda para os próximos cinco anos em Belém uma meta ambiciosa, a crer no que foi dizendo em campanha.
Numa entrevista a Daniel Oliveira: “Recriar o país de forma estrutural é o desafio que vai ocupar o mandato do próximo Presidente da República”. Recriar o país de forma estrutural é o programa sempre adiado, mas foi o que Marcelo se propôs. E ontem, no discurso de vitória, voltou a dizer que depois da prioridade absoluta que é combater a pandemia há “tudo o resto, que queremos tanto”.
O “resto que queremos tanto” é “mais crescimento, menos desemprego, menos pobreza, mais justiça social, menos corrupção, mais reforma do Estado…”. Mas este ambicioso programa passa pela tal “reconstrução estrutural” e tem dois grandes problemas pela frente.
Dividido entre o PS moderado que conta com ele, a direita que espera vê-lo diferente num segundo mandato mas que tarda em apresentar-lhe uma alternativa, o risco inerente ao crescimento do Chega cujo líder proclamou no domingo uma “reestruturação da direita”, a urgência do combate à pandemia e à crise económica e social crescentes, não é fácil perceber como irá Marcelo colocar a reestruturação estrutural do país na agenda.
Mas Marcelo Rebelo de Sousa já deu mostras em outras ocasiões, que supera os seus próprios desafios. E os portugueses disseram-lhe ontem, que contam com ele.
Maria José Loureiro
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