O Corpo de Deus, do latim Corpus Christi, até ao ano passado celebrou-se sempre à quinta-feira, contados que eram 60 dias após o domingo de Páscoa. Esta solenidade remonta ao seculo XIII, pela necessidade que a igreja de então sentiu em realçar a presença real do “Cristo Todo” no pão consagrado. Era de tal maneira importante que era considerado “Festa de Guarda”, sendo obrigatório para os católicos a participação na Santa Missa, na forma estabelecida pela Conferencia Episcopal.
Agora, celebrando-se no domingo seguinte, é aproveitado pelas comunidades para organização das festas da catequese. Em Sabugosa, fruto da escassa natalidade, apenas duas crianças realizaram a primeira comunhão e seis participaram na festa da palavra que, simbolicamente, consiste na entrega da bíblia.
Mas os homens e mulheres do costume, não deixaram os créditos por mãos alheias e, durante a madrugada e manhã, construíram uma enorme passadeira de folhas e flores, tornando todo o percurso da procissão num lindíssimo tapete colorido. É de louvar este abnegado trabalho, mesmo em tempos de tristeza e desilusão mas que a fé e o sentimento de bem servir conseguem superar. Obrigado pela dedicação.
QUEM OLHA POR NÓS?
Com a vida agitada a que este mísero tempo nos obriga, estamos constantemente expostos aos mais variados perigos de acidente. Uns naturais, outros provocados involuntariamente e ainda outros por negligência ou casmurrice. O caso que vos trago à liça é bem o exemplo disso. Numa das avenidas mais movimentadas desta pacata localidade, Avenida Santa Catarina, bem ali no centro, existe e persiste um imóvel que ameaça ruir a qualquer momento e ao que nos é dado constatar ninguém faz nada para o evitar. Será que é preciso uma tragédia para que toda a gente lamente o não ter feito nada. Será que é necessária a morte de alguém ou de alguma família para se vir chorar sobre o leite derramado. Vamos esperar que não, porque se os proprietários não tem qualquer ação, que sejam as entidades oficiais a proteger a população que por ali circula. A foto não mente e por isso fica o alerta a quem poderá evitar uma tragédia, Junta, Município, Proteção Civil ou todos em conjunto, têm é de agir, enquanto é tempo.
SÃO JOÃO
Longe vãos os tempos em que os terreiros da aldeia se enchiam de gente, pobre mas honrada e honrando os testemunhos deixados pelos avós. Ainda o sol não se havia escondido e já enormes rodas de gente giravam à volta de um enorme pinheiro vestido de mimosas e papel de cor, cantando e dançando cantigas de São João. Por vezes o caldo era engolido à pressa e o naco de pão duro metido ao bolso, para se chegar mais cedo e poder escolher o melhor par, porque a concorrência era feroz. Outros tempos, de fome sim, mas também de enorme alegria e bairrismo que fazia esquecer as canseiras da labuta diária. Hoje, a pouca juventude, já não faz ideia de como se dançava o São João, até ao romper do dia. Mas, louve-se, alguma tradição ficou e nesta noite alguns vasos roubados foram ornamentar as escadas da igreja em obras. Pode ser que, querendo manter as tradições, a juventude para o ano se lembre de encenar a dança à roda, mesmo que seja “ a lenha da macieira” ou “as canastras da sardinha” e o São João, do seu pedestal, agradecerá.
Luís Guilherme