CAVES VINICOLAS MARTINHO ALVES

A Adega Cooperativa de Tondela foi criada em 1959 e surgiu da vontade e empenhamento de um número reduzido de pessoas, que procurou, através do cooperativismo, criar condições para o melhor escoamento dos seus produtos e consequentemente para uma mais justa valorização dos mesmos.
Considerada na época uma das melhores da região do Dão, assistiu-se à sua gradual decadência, fruto das políticas de desincentivo à produção de vinha, industrialização da actividade económica e falta de pagamento das uvas no concelho levou que muitos agricultores abandonassem a vinha.
A falência viria a ocorrer no início de 2006.

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Foi em 11 de Julho de 2006, em leilão e pelo valor de 1,61 milhões de euros, que a empresa Betumil, sediada em Vila Franca de Xira e cuja actividade é a compra e venda de propriedades, adquiriu a então falida Adega Cooperativa de Tondela (a este valor de aquisição acresceu despesas diversas tais como comissões e impostos o que levou a que este negócio ultrapassasse grandemente o valor dos 2 milhões de euros).
Com uma excelente localização bem no centro da nossa cidade de Tondela, o património das Caves tem uma área total de terreno de cerca de 13.000 m2 e uma área de construção de cerca de 12.500 m2 e possuem uma capacidade de armazenagem de cerca de 8.000.000 litros de vinho.
Na altura especulava-se que este negócio poderia resultar na vertente imobiliária, porque o Plano Director Municipal assim o permitia, mas Martinho Alves, administrador da empresa adquirente, afirmou não ser essa a sua intenção.
Quando comprou a adega, Martinho Alves, reuniu com os 800 associados e propôs-lhe duas coisas: a primeira é que os associados constituíssem uma empresa e cada agricultor comprava uma participação conforme os seus rendimentos ou chegar a um acordo (com uma comissão de produtores) para pagarem uma renda mensal e continuarem a produzir vinho.
Tal não aconteceu.
O inicio da atividade viria a ocorrer em 16 de Agosto de 2006, com a denominação social de Caves Vinícolas Martinho Alves.
Passados treze anos após a sua constituição, as Caves Martinho Alves, são uma importante referência na parceria com todos os agricultores, dando continuidade à receção das uvas da sua produção.
O percurso desta empresa tem sido no entanto, bastante difícil, sinuoso e turbulento.
Pelos diversos motivos, nomeadamente, apostas erradas nas pessoas colocadas na direcção da empresa e que concretizaram negócios verdadeiramente ruinosos para a empresa que quase culminaram na falência da empresa.
Os incobráveis que têm na empresa, se conseguissem ser recuperados, conseguiam dar uma sustentabilidade e equilíbrio bastante maior, mas Martinho Alves afirma “é com tranquilidade que na presente data, posso afirmar que temos os pagamentos a todos em dia, fornecedores de uvas, fornecedores de produtos, prestadores de serviço”.
Só com uma forte motivação e com um grande sacrifício a nível pessoal de Martinho Alves, que o obrigou à injecção de uma grande quantia de capital na empresa, para a conseguir “salvar” do abismo, levou a que se conseguisse manter a actividade até aos dias de hoje.
Afirma que de forma ocasional e num encontro de amigos conheceu o Eng. Manuel Camoez que segundo Martinho Alves “se eu o tivesse conhecido no início, quando comprei a adega, hoje estava noutro patamar”.
Actualmente, as Caves enfrentam dois grandes desafios. O primeiro, é o abandono das vinhas pelos jovens, “os agricultores jovens não aparecem”. O segundo, é o aparecimento de empresas concorrentes das Caves, situadas perto de Tondela e que estão a oferecer preços inflacionados pelas uvas. Os produtores, são muitas vezes iludidos pelos preços praticados pela concorrência, pois quando entregam as suas uvas ou não têm o grau esperado, ou não estão acondicionadas nas devidas condições, enfim, são vários os factores que contribuem para o não recebimento das quantias esperadas.
A acrescentar a esta problemática e também fator decisivo para a diminuição da produção, foram os grandes incêndios de outubro de 2017 e o calor abrasador do ano passado, que afetaram a produção da vinha em quase 70% de perda.
Mas também há motivos de orgulho… “quem visita as nossas Caves é unanime nas suas conclusões ao referir a enorme potencialidade que estas instalações têm para a comercialização de vinhos de excelente qualidade”. Prova disso têm sido os prémios recebidos pelos vinhos, em concreto, medalhas de ouro para os vinhos brancos e medalhas de prata para os vinhos tintos.
Disse também “que são também inúmeras as solicitações, por diversas empresas e com diferentes finalidades, para a utilização das nossas instalações, nomeadamente, formação profissional a vários níveis, provas de vinhos, eventos culturais, etc”.
Promove como ninguém os vinhos das suas Caves, pela qualidade e fruição “quem beber uma garrafa do nosso vinho à refeição, no outro dia acorda sem efeitos secundários” e também porque toda a uva utilizada é da região do Dão, e sobretudo do concelho de Tondela, não havendo uvas espanholas que são mais baratas.

FESTA DAS VINDIMAS
Martinho Alves decidiu oferecer, no passado dia 1 de Setembro, nas suas instalações, um momento de lazer, de alegria e sobretudo de solidariedade para com todos os viticultores, com a realização da “Festa das Vindimas 2019”. A festa foi para todos, sejam eles ou não fornecedores das Caves.
Ao nosso jornal, Martinho Alves disse que “nada lhe dá mais alegria do que ver estas pessoas alegres e unidas” e saber que lhe está a proporcionar um momento de convívio é uma enorme satisfação.
Para a animação, contaram com a presença de Jorge Andrade e do Rancho Folclórico de Santiago de Besteiros.
Esta festa contou com a presença de mais de 800 pessoas. É uma grande organização e dá trabalho, porque foi preciso arranjar mesas, cadeiras, louças e talheres para todas estas pessoas. Aproveita esta oportunidade para agradecer publicamente a todos aqueles que de uma forma ou outra ajudaram a que pudesse concretizar esta festa.

MANUEL MARTINHO MIRANDA ALVES
Manuel Martinho de Miranda Alves, nasceu em Mafra e com os seus 72 anos, continua a trabalhar como um jovem.
Empresário desde os 18 anos, Martinho Alves conta com um vasto curriculum e actividade empresarial, que vai desde a restauração, construção, empresas de moldes, etc..
Empreendedor e com uma forte capacidade de liderança, o mundo dos vinhos surgiu na sua vida por mero acaso, através de um amigo.
Tem residência em Alverca e conjuntamente com o Eng. Manuel Camoez vem duas vezes por semana a Tondela.
Considera Tondela uma cidade limpa, agradável e simpática. No entanto acha que à noite há pouca vida, pois quando saí mais tarde das suas instalações, ao final do dia, já não encontra local onde se possa comer.
Embora não gostando de futebol, reconhece a importância do Clube Desportivo de Tondela para o concelho e para a região pois “quando ele ganha aos grandes, o impacto é estrondoso”. É importante para os comerciantes e para o próprio município e deseja que o clube continue a fazer boa figura e a ganhar.
Manuel Martinho de Miranda Alves é sem dúvida um nome que ficará na história do concelho de Tondela, porque mesmo não sendo de Tondela continua a ser o grande parceiro dos pequenos viticultores.
MJJ