O Solar de Vilar, jóia concelhia que data de 1745, foi classificado oficialmente como monumento de interesse público com anexos e jardim, pela Portaria nº.111/2014, de 7 de fevereiro passado e publicada no dia 12 no Diário da República, 2ª. Série, de cujo teor damos conta em destaque.
Pela importância, que merece relevo, o Município de Tondela em Nota distribuída à imprensa, “congratula-se com este reconhecimento e valorização do património arquitetónico do Concelho. O Solar de Vilar assume-se como um ícone do nosso território, não só pela arquitetura mas também pelas funções que desempenha na área do turismo.
O Solar, situado na aldeia de Vilar, atual União de Freguesias de Vilar de Besteiros e Mosteiro de Fráguas, é uma casa senhorial que retrata a arquitetura da Beira Alta e é um local de passagem obrigatória para quem visita o concelho de Tondela”.
otável edifício barroco e rococó que conserva praticamente intacta a estrutura original, como salienta a Secretaria de Estado da Cultura na Portaria de classificação, o Solar de Vilar é o exemplo da casa nobre beirã, que a majestosa varanda virada ao Caramulo enriquece e o jardim fronteiro, com vegetação variada, lhe aumenta o valor estético e monumental.
A Cooperativa de Animação Cultural, organização familiar detentora do Solar, dedicada a Eventos Culturais e Turísticos, tem na Drª. Maria Parreira do Amaral, Presidente da Direção da Cooperativa e Diretora residente, a sua grande impulsionadora desde a primeira hora. Dada a importância do atributo agora oficializado, “Folha de Tondela” quis ouvi-la e saber o que tal classificação representa não só para a Casa, mas também para as atividades que ali se promovem.
A Drª. Maria Parreira do Amaral acedeu simpaticamente ao nosso pedido, tendo-nos recebido num dos lindos salões do Solar.
Começamos por perguntar-lhe o que representa esta classificação, não só para o Monumento, em si, como para as funções que desempenha?
Drª. Maria Parreira do Amaral – Esta classificação é, realmente, uma coisa importante para o Solar de Vilar. Falando de um modo mais abrangente, claramente trata-se uma classificação de património, o que é muito importante para a proteção do património existente, já que esse património faz parte da nossa vida e do nosso passado.
Particularmente para as atividades aqui desempenhadas, tal concessão trás também vantagens, inclusive de âmbito fiscal; mas para além disso representa também uma zona de proteção à Casa, que nos ajuda a preservar o Solar tal como ele é. E é envolvente, ou seja, não iremos futuramente encontrar situações menos bonitas à volta do Solar, ajudando também a que o dia a dia das pessoas seja melhor; vivendo ao lado de uma coisa mais bonita, tudo será mais bonito.
Mas ajudará também a cativar turistas interessados em ver uma Peça importante e devidamente classificada do património arquitetónico concelhio. Um local, portanto, com interesse acrescido para vir ver e apreciar.
F. T. – Ainda que resumidamente, quer dar-nos a conhecer alguns dos importantes passos desde a situação degrada que encontraram, até aos nossos dias?
M.P.A. – Isso é uma história muito grande. Embora já conhecendo o edifício e o seu estado desde há muito, foi num passeio de Viseu ao Caramulo que com uma paragem aqui, na fonte, começou a história.
Era, na verdade, uma casa muito bonita, mas que tinha chegado a um estado degradante, o que se percebe pelos custos de manutenção que casas destas acarretam se não tiverem um negócio por trás.
A ideia começou aí, agregada ao negócio de eventos em quem eu já estava com minha irmã e nasceu a pergunta: se nós somos uma família do norte, porque não investir por aqui? E a ideia foi tomando forma; vimos a casa e começamos a estudar os diversos aspetos que poderiam levar à concretização desse desejo. Feita a compra da casa, melhor, a compra de umas paredes bonitas, exteriores, com muito lixo e um terreno completamente abandonado, foi fazer o projeto da casa e espaços envolventes e começar a trabalhar com muita dedicação. Desde que a obra finalizou, já lá vão 11 anos, sempre na luta porque os negócios, hoje, são uma luta.
Continuamos a ser uma Cooperativa familiar voltada para os Eventos, tanto de empresas como de particulares, mantendo também a empresa de Eventos de Lisboa, ainda que esta atuando em locais dos clientes, atividade também importante e que já fazia parte dos negócios de família.
O balanço destes anos é, realmente, um balanço positivo. Nos momentos menos bons, basta olhar para este Monumento para termos forças para continuar, pois é sem dúvida um projeto motivante, ainda que não concluído, mas esperando ter fé e força para o levar avante.
O ano de 2013, ainda que tenhamos descido um bocadinho, como é natural, foi um ano que se pode considerar bom, afirmou Maria Parreira do Amaral. Somos uma empresa saudável e voltada para o futuro.
As perspetivas são para crescer e alargar, com algum cuidado, mantendo a mesma linha mas procurando sobretudo alargar mais os eventos ao nível de empresas e instituições públicas, o que consideramos importante.
A finalizar, como mensagem, a Drª. Maria Parreira do Amaral lembrou que o Solar de Vilar está aberto a quem o queira visitar e a quem queira dele usufruir dentro dos eventos de que dispõe.
Agradecemos à nossa interlocutora a disponibilidade de nos receber, para através de uma agradável conversa podermos dar a conhecer aos nossos leitores um pouco mais da História desse notável espaço que é o SOLAR DE VILAR, agora classificado de interesse público.
Jorge A. Leitão