De nome Paulo Martins, casado e pai de uma menina, natural de Canas de Santa Maria, é agora jovem agricultor, produtor de mirtilos, de há um ano a esta parte, apesar de ter formação na área da educação (licenciado em educador de infância). Filho de agricultores, as atividades ligadas à agricultura sempre estiveram presentes no seu quotidiano.
Este projeto surgiu num café, com um grupo de amigos, conversavam sobre a crise, as dificuldades, e falou-se do tema da agricultura, como estava envelhecida, terras ao abandono, muito diferente de outros tempos, onde os campos estavam todos ocupados e as pessoas que trabalhavam a terra faziam com que a natureza e o homem fossem um só. É a profissão mais humanizante que se conhece e noutros tempos os campos enchiam-se de alegres cantares quando eram trabalhados E conversou-se sobre projetos, dos apoios do PRODER para uma primeira instalação no setor agrícola, e veio à conversa do mirtilo, muito conhecido em Sever de Vouga, as suas propriedades, os seus derivados e a sua relativa facilidade de escoamento (exportação)…
Foi para casa e ficou a pensar no assunto. E “boom” porque não? Os terrenos existem (que outrora produziam vinho e milho), e aqui está uma forma de combater o desemprego e a crise. Visitou algumas explorações, algumas feiras relacionadas com o mirtilo, pesquisou na internet e falou com pessoas já instaladas. E ficou surpreendido com as capacidades infindáveis deste “ pequeno” fruto silvestre, ele é uma das maiores fontes de antioxidantes, reduz o colesterol, ajuda a memória, ajuda na coordenação motora, entre outros benefícios.
Recorreu a uma empresa de consultoria empresarial para elaborar e submeter o projeto. Este, sumariamente, consiste numa plantação de 1.5ha de mirtilos (cerca de 5 mil plantas) e uma estufa de 500m² para produtos hortícolas. Entretanto fez Formação Especializada para Jovens Agricultores, formação essa muito abrangente e muito interessante, indispensável a quem quer apostar no setor agrícola.
No terreno que visitámos, sito na Ribeira da Petada em Canas de Santa Maria, depois de feita a fertilização, foram plantados 1200 pés de três espécies de mirtilo (Jersey, DarkBlue e Legacy). Estão plantados sobre camalhões cobertos de tela com um compasso de 2m e as plantas distam 1m entre si. A rega é muito importante pois a planta é muito sensível à falta de água. Esta é feita por gravidade com sistema gota a gota, aproveitando a água de uma ribeira que corre a jusante das suas terras. Também a poda não deve ser subestimada se pretendemos rendimentos estáveis e fruto de bom calibre.
Este projeto acabou por contar também com a colaboração da família e amigos que sempre manifestaram alguma curiosidade e vontade de apoiar e a quem não pode deixar de agradecer.
Este projeto poderá conduzir a outros, a longo prazo, tamanha é a versatilidade deste produto, perspetivando-se uma aposta na exploração das qualidades deste fruto silvestre em seus derivados, como licores, compotas, chás, entre outros, numa oferta de produtos de qualidade seleccionada, que pretende divulgar nas várias iniciativas pelo concelho, nomeadamente a FICTON e no Mercado Ao’Sabor.
C.