Terça-feira , Abril 9 2024

INAUGURAÇÃO DA RECONSTRUÇÃO DA CENTRAL DE TRIAGEM DESTRUÍDA NOS INCÊNDIOS DE OUTUBRO DE 2017

A 15 de outubro de 2017 a região centro viveu os piores incêndios que há memória. Arderam cerca de 190 mil hectares de floresta, 400 empresas e cerca de 1.500 casas, numa fração de tempo tão curto que não permitiu o seu combate, e mal deu tempo para as populações se refugiarem.
O concelho de Tondela, foi um dos mais fustigados e entre outra infraestruturas concelhias ardia o Aterro de Planalto Beirão no Borralhal, freguesia de Barreiro de Besteiros num prejuízo de cerca de 3 milhões de euros.
Passado 4 dias o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa visitou o concelho e também esta infraestrutura, por isso foi natural que passado três anos seja ele a inaugurar a reconstrução da central de triagem do Planalto Beirão após a sua reconstrução.
Recebido nesta unidade pelo Presidente da Câmara Municipal de Tondela José António Jesus, pelo Presidente da Associação do Planalto Beirão e também Presidente da Câmara de Tábua, Mário Loureiro, a pela Ministra da Coesão Territorial Ana Abrunhosa, autarcas da região e outros convidados, o Presidente da República começou por cumprimentar os trabalhadores desta unidade.

O MAIOR DESAFIO COMO AUTARCA
Na sua intervenção José António Jesus na qualidade de anfitrião lembrou que este incêndio foi “o maior desafio da minha vida enquanto autarca.
Por essa razão, não esqueço que, quatro dias depois dos incêndios, numa quinta-feira, vossa excelência deslocou-se a este mesmo espaço (onde ainda havia focos de incêndio), percorrendo o concelho de Tondela, palmilhando a nossa região.”
Disse que esta presença constitui um conforto e transmitiu uma coragem para uma situação tão dramática e que a presença do Presidente da República hoje, “é a maior prova de ligação ao nosso território, sendo um presidente comprometido com o desenvolvimento e a coesão do país.”
O autarca lembrou a professora Ana Abrunhosa na altura presidente da CCDR – Centro, o Ministro do Ambiente, o Secretário de Estado do Ambiente, o presidente da ERSAR, bem como aos responsáveis do POSEUR, pelo esforço e empenho na reconstrução da região, “todos convergiram com um único propósito: auxiliar num plano urgente de recuperação e de reabilitação deste espaço. ”Porque estava em causa a saúde pública dos 19 municípios que aqui têm o seu centro de tratamento de resíduos.”
José António Jesus destacou que esta infraestrutura não só se regenerou depois dos incêndios, “como ainda se está a projetar para que no futuro venha a ter uma solução ambiental mais adequada e financeiramente mais sustentável”.
“É bom termos presente que a gestão de resíduos apresenta-se cada vez mais como um desafio exigente, onde é imprescindível balancear a sustentabilidade económica destas infraestruturas, com a qualificação técnica e de melhor e maior resposta ambiental”, sustentou.
Ao longo da sua intervenção, José António Jesus explicou que foi feito um esforço gigantesco para duplicar a capacidade de recolha de resíduos valorizáveis, nomeadamente na cadeia do trifluxo, mas, ainda assim, há uma significativa fração resto que não é reaproveitável e que, hoje, não tem outra solução que não seja a deposição em aterro.
“Por isso, ao mesmo tempo que fizemos este caminho de reabilitação, também preparámos uma importante candidatura, a mais expressiva do país, para a construção de uma unidade de produção de CDR (Combustível Derivado de Resíduos), que no futuro poderá transformar estes resíduos em matéria que possa alimentar uma cadeia de combustíveis derivados de resíduos”, acrescentou.
Conclui dizendo “este é um caminho contínuo, intergeracional, de gestão e sensibilização, que se projeta para além da esfera da gestão autárquica.
Por isso tem de ser trilhado por todos.
Em boa verdade, o ambiente hoje é uma causa social, é uma causa transversal às sociedades e a nossa responsabilidade é garantir que as gerações vindouras tenham melhores condições de vida no planeta do que aquelas que nós temos atualmente.
Mas, de igual forma, garantir a sustentabilidade económica destas infraestruturas, para o que será imperioso que todos saibamos reduzir a produção de resíduos, tomando práticas ambientais que valorizem esta dinâmica, para o que se impõe uma contínua sensibilização deste paradigma”.
O presidente da Associação de Municípios da Região do Planalto Beirão, Mário Loureiro coube a responsabilidade de informar que esta entidade, constituída por 19 municípios, tem em curso investimentos na ordem dos 27 milhões de euros.
A presidente da Comissão Diretiva do POSEUR, Helena Azevedo, considerou ser “uma grande responsabilidade” e destacou a execução deste projeto como um bom exemplo da aplicação dos Fundos Comunitários, destacando a responsabilidade dos autarcas e suas equipas na execução do projeto.

IMPORTÂNCIA DOS MUNICÍPIOS
Já a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, recordou com alguma emoção os dias difíceis que se seguiram aos incêndios de outubro de 2017, em que arderam na região centro 1500 casas, 850 de primeira habitação, estando a maioria já reconstruídas.
Realçou o papel dos autarcas, que desde a primeira hora estiveram no terreno “não teria sido possível sem o maravilhoso trabalho dos autarcas, foram momentos difíceis de superação e quero realçar a importância dos municípios em torno da resolução dos problemas das suas populações e da melhoria de condições de vida”, afirmou antes de destacar a Associação de Municípios da Região do Planalto Beirão, que considera “uma referência”.
Agradeceu ao Presidente da República o apoio e a coragem que sempre lhe demonstrou nessa altura tão difícil, e que lhe deu forças para continuar.

MARCELO REBELO DE SOUSA
TRÊS MOMENTOS:
1 – O PAPEL ÚNICO, HERÓICO DOS AUTARCAS
Na sua intervenção o Presidente da República começou por destacar a Professora Ana Abrunhosa que elogiou como “a grande presidente da CCDRC” de então, “que foi uma grande líder” e o papel dos autarcas, congratulando-se “por ver de pé uma realidade destruída há três anos atrás”.
Dirigindo-se à Ministra disse esperar que ela tivesse tanto sucesso como ministra como teve como presidente da CCDR – C, afirmando que assim iria acontecer se o governo lhe desse os meios para promover a coesão territorial.
Elogiou os autarcas da região atingida pelos incêndios de 15 de outubro de 2017 “passaram três anos, eu não esqueço, antes, durante e depois, o contributo da então presidente da CCDR, o papel único – eu diria mesmo heróico – dos autarcas da região atingida. Lembro-os um a um, e a cara com que estavam ao percorrermos as povoações, e ao pararmos aqui e acolá, e a ouvirem os dramas. Lembro-me daquilo que diziam, daquilo que sentiam, uma emoção muito superior àquela que sentimos hoje”, afirmou, destacando, em particular, o papel do representante dos presidentes de câmara.
“Mas permito-me recordar o representante de todos os presidentes de câmara e o que era aquela sensação de impotência, de angústia, de falta de resposta a dar aos dramas das pessoas, da vontade de pôr de pé soluções precárias, de insistência constante para que o precário passasse a ser definitivo”, destacou.
Marcelo diz não se recordar, no período do seu mandato presidencial que se aproxima do fim, de “nada parecido com essas tragédias”. “O que estamos a viver hoje [a pandemia] é, noutra dimensão, gravíssimo, mas é mais difuso e mais disperso, e por isso mais perigoso, e por isso de resposta mais exigente. Mas em termos concentrados, no tempo e no espaço, em dois dias e meio, e numa região muito específica, o que foi vivido há três anos é de facto uma situação irrepetida e, espero, que irrepetível”.

2- O PRESENTE JÁ É FUTURO
O chefe de Estado realçou ainda o que se alcançou desde o dia 14 de outubro de 2017 até hoje. “O que há a reter é que se aprendeu com o passado e o presente já é futuro. Não houve apenas o recuperar o que se perdeu, o refazer o que ficou destruído, há o programar e projetar o futuro”, afirmou, sublinhando que “isso é aprender várias lições”.
Uma delas é que “o ambiente já não é aquilo que era no início da nossa democracia”, num tempo em que já era uma preocupação, mas era, no fundo, “uma realidade complementar de outras”.
“Havia desenvolvimento económico, social e depois ambiental. Hoje, sabe-se que o ambiente é central e transversal. Não há desenvolvimento económico sem ambiente, não há desenvolvimento social sem ambiente, não há desenvolvimento humano sem ambiente. E isso significa estar a começar todos os dias um percurso que se pensou estar acabado no dia anterior”, e fazendo a analogia “da força e da união da região” para a recuperação três anos depois, Marcelo Rebelo de Sousa disse que, na questão da pandemia, “tem de ser todo o país a unir-se”.
A descentralização foi, a par da pandemia de covid-19, um dos temas de destaque do Presidente da República em Tondela, perante uma plateia repleta de autarcas da região, onde defendeu “o reforço do poder local”, afirmando que o Estado deve promover os recursos financeiros necessários quando há delegação de competências para as autarquias.

3- A PANDEMIA DA COVID-19
O presidente disse que “hoje celebramos aqui a coragem do que se enfrentou há três anos”, apelando à mesma coragem, ou até maior, para enfrentar estes tempos de pandemia e olhar para o futuro com responsabilidade por todo o país ao longo das próximas semanas e meses e vamos fazê-lo. Mas só vamos fazê-lo se todos o fizermos, se houver uma parte que não queira fazer vai ser mais difícil e vai demorar mais tempo a fazer e será um todo que sofrerá”, apelou Marcelo Rebelo de Sousa. “Nestes tempos de pandemia, ninguém está desvinculado da tarefa. Eu assumo que quando estamos perante desafios destes há uns mais responsáveis, aqueles que são eleitos são mais responsáveis, como são sempre por aquilo que corre melhor e pior e quando houver o apuramento de responsabilidades e, em democracia há sempre apuramento de responsabilidades, naturalmente que os mais responsáveis são os mais responsabilizados”, disse.
E continuou: “Mas isso não exonera que todos nós, dos pequenos grandes gestos, que são fundamentais, para o todo coletivo. É um pequeno sacrifício, é o adiamento de um projeto de uma ideia, é a limitação da atuação mais cautelosa e preventiva quando pode e deve ser adotada. É fazer o que é preciso fazer de uma maneira que não crie riscos desnecessários. É o grande desafio do momento”.
“Visa, obviamente, impedir a necessidade de avançar para graus superiores de intervenção no domínio da vida e da saúde. É fundamental que assim seja. É fundamental para a vida dos portugueses, é fundamental para o emprego dos portugueses. É fundamental para o salário, para a situação das famílias, das empresas e de comunidades”, justificou.
Neste sentido, o Presidente da República avisou que “isso implica que cada qual seja responsável por si próprio e essa responsabilidade por si própria significa que nestes tempos vizinhos saiba ir mais longe do que já foi, no sentido de cumprir a sua função para que a sociedade não pare, a economia não pare”.
“Mas ao mesmo tempo, se não verifique um agravamento desnecessários das condições que vão condicionar, que vão limitar, vão constranger a economia e a sociedade. E é este o apelo que hoje se deve fazer aos portugueses”, assumiu.
No seu entender, trata-se de “um apelo sereno para uma reação serena, um apelo sereno para um comportamento sereno, um apelo sereno para um comportamento solidário para que se possa, daqui a uns meses, e não três anos”, como aconteceu hoje, após os incêndios, “haver reencontros para aprofundar a descentralização”.
Marcelo Rebelo de Sousa veio a Tondela falar de futuro, responsabilidade e esperança. Três lições que o país deve aprender.
MJJ

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