Quando a nossa história quase se confunde com um século da vida do País, difícil se torna vir a terreiro dar sinal de vida própria, a não ser para referir que a seiva que nos alimenta, mergulha profundamente nas raízes em que nascemos.
Quer isto dizer, também, que nos habituámos a ver passar como nuvens passageiras o que muitos confessavam como “verdades” eternas e permanentes.
Aqui na “Folha”, julgo podermos dizer que não nos deslumbramos com o fogo de artifício, não vamos atrás de foguetes nem nos animamos facilmente com as modas que se têm por definitivas.
O jornal foi fundado em período particularmente difícil da vida do País. Tudo parecia desmoronar-se à nossa volta quando um punhado de Homens animados por João Franco, resolveu levantar-se para tentar dar uma volta a isto. Como se sabe, tudo terminou com um hediondo crime.
Foi sob a bandeira da Regeneração comandada por aquele grande Homem de Estado – respondendo ao chamamento geral do País e das Forças Armadas (encabeçadas, quem diria, pelo Almirante Cândido dos Reis, que pedia uma “ditadura real”…) – foi à sombra do Partido Regenerador-Liberal franquista, que os então muito jovens Aníbal e Fernando de Figueiredo meteram mãos à obra para fundar este jornal.
A partir daí, não mais cessou o que foi e continua a ser, a íntima ligação do jornal com a terra que nos viu nascer, podendo dizer-se que nada do que se passou e passa aqui – de bom ou de mau – nos foi ou é indiferente. Bem pelo contrário. A acção dos Fundadores e de todos quantos os continuaram, bem como os que ainda hoje, estão e permanecem activos, dando vida semanal e exemplarmente, à grande Obra que é este jornal, a acção desenvolvida, dizia, está tão intimamente ligada à vida de Tondela, que não se poderá fazer a história da nossa terra, sem passar pelas nossas páginas ou sem saber das iniciativas que aqui tiveram a sua marca de origem. Foram tantas e tão significativas, que se torna impossível enumerá-las neste espaço.
Passaram regimes, passaram governos, passaram políticos, tudo isso tivemos e temos como precários e contingentes, animados que estamos, pelas raízes imorredouras que nos alimentam e que nos levam a estar apenas e sempre, AO TOM D´ELA.
Cento e nove anos passados, poderemos dizer com muito orgulho, que, para nós, a vida ainda agora começou…
Contem com isso – e contem connosco!
José Valle de Figueiredo