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SISMO DE FEVEREIRO DE 1969 TONDELA “TREMEU” TAMBÉM COM MEDO

A 28 de fevereiro de 1969, Portugal era assolado pelo maior tremor de terra desde o sismo de 1755. Foram quatro minutos infernais – sensivelmente entre as 03:41 e as 03:45. A população do país, em pânico, saiu para a rua meio despido ou em pijama.
Aquela madrugada de sexta-feira, foi descrita como dramática pelos jornais da época. “Com a terra tremiam os homens e as mulheres que a povoam. Porque ontem só duas espécies de pessoas não tremeram, de novo os inconscientes e os mentirosos”, escrevia o Jornal de Notícias.
O pânico voltou às 5:28, quando se sentiu uma réplica de pequena intensidade. Mas “o estado atormentado de todos os espíritos” levou a crer que era outra vez um abalo de grande intensidade.
Muita gente passou a noite na rua, nos passeios, nos largos, outros em bancos de jardim, embrulhados em cobertores.
A noite foi de sobressalto, de medo.
No nosso concelho, um pouco por todo lado, o cenário foi idêntico, como relata a Folha de Tondela da época.
O jornal Folha de Tondela, na primeira página do dia 1 de Março desse ano, noticiava este acontecimento com o título “Violento Tremor de Terra”, afirmando o autor que “com intensidade que fora o grande terramoto em 1908 na região do Ribatejo, ainda não se tinha registado em Portugal continental no século actual” um terramoto desta intensidade.
Dava conta aos leitores do que se tinha passado nessa noite no país, e noticiava, também, o que se passou no concelho, “Também nesta vila e em todo o concelho o fenómeno sobressaltou a população, havendo muitas pessoas que saíram para a rua espavoridas, em trajos menores”. No mesmo artigo o autor continuou “ No interior de alguns prédios, onde houve forte oscilação nas louças e outros objectos, caiu cal das paredes, não tendo havido, felizmente, desastres pessoais”. O pavor desta madrugada de fevereiro, “do tremor de terra” “foi durante o dia de ontem, o assunto de todas as conversa”, refere a Folha de Tondela.
Nas edições seguintes, os correspondentes das freguesias davam conta do acontecimento, num relato muito visual dos acontecimentos dessa terrível noite. Os correspondentes de Dardavaz, Guardão, Molelinhos, Ferreirós do Dão, Campo de Besteiros, Castelões entre outros, relataram que o povo saltou da cama, fugiu para a rua cheio de medo. As galinhas “estavam num alvoroço” e os cães “ uivavam”.
O correspondente de Caparrosa relatava o que se passou em muitos aviários da zona: ”Os galináceos voavam espavoridos amontoando-se, partindo vidros, saindo dos galinheiros, morrendo”. O terramoto “foi o primeiro que presenciamos aos 59 anos”, afirmou este correspondente.
Já o correspondente de Dardavaz, descreve que “Foi surpreendida toda a população com o violento tremor de terra, tendo deixado toda a gente as suas camas e saindo para a rua. Algumas pessoas saltaram pelas janelas. Os cães uivavam e as galinhas cacarejavam nas capoeiras”. O mesmo conta o correspondente de Molelos, residente em Molelinhos, “O pânico apoderou-se de toda a população que saiu para a rua. As mulheres choravam e rezavam julgando que era o fim, pois o caso não era para menos”. Este colaborador fala também das galinhas que “cacarejavam aflitivamente”.
O correspondente de Ferreirós do Dão, relata o seguinte: “A população que aquela hora dormia pacificamente, repousando das canseiras dos trabalhos agrícolas, acordou espavorida, fugindo a maior parte para a rua e procurando os largos”.
Estes relatos, tão reais mostraram o sentimento de pânico da população. Medo e desconhecimento do que estava a acontecer, levaram que a maioria que tinha fugido para a rua, ficasse até de manhã, preferindo aguentar o frio desse fevereiro.

MJJ

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