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“SAUDADES DO RIO DÃO”

Livro premiado com o Prémio Aurélio Soares Calçada, de 2014

No passado dia 27 de Dezembro, pelas 15 horas, na Biblioteca Municipal Tomaz Ribeiro teve lugar o lançamento do livro “Saudades do Rio Dão” da autoria de José Abrantes.

Este livro conta a história romanceada de Abílio d´Abrantes, um humilde português da Aldeia do Penedo, Freguesia da Lajeosa do Dão do Concelho de Tondela.

O que foi escrito sobre esta obra:

“Sabe-se que ao redor do mundo existem milhões de histórias e vivências como esta, especialmente de portugueses, italianos e espanhóis, sendo que a aqui é descrita serve como forma de dar voz e vida a estas pessoas que foram obrigadas, pela vida, a deixar para trás mais do que sua terra natal. Deixaram sua cultura e sua gente. Deixaram suas raízes. Abílio d´Abrantes desembarcou no porto do Rio de Janeiro, Brasil, em 7 de Fevereiro de  1923, aos 23 anos, fugindo do frio e das dificuldades da vida pobre da sua aldeia. Casou-se em 1935, com uma filha de imigrantes italianos, a Maria do Rosário Marzulio. Tiveram quatro filhos: Elisa, Laura, Natal António e José.

Abílio conheceu dois netos: Ronaldo e Reinaldo Abrantes Coelho.

Abílio nunca retornou a Portugal e todos os dias pensava na Aldeia e no seu querido Rio Dão.

Abílio morreu em 7 de Fevereiro de 1963, aos 63 anos, doente, pobre e muito triste.

Morreu exatamente com 40 anos após chegar IMG_0031ao Brasil e no dia que seu filho José Abrantes completava 12 anos.

Foram 40 anos de saudade, com muitas histórias e vivências.

Abílio d´Abrantes morreu com muitas saudades de Portugal, sonhando com as águas do Rio Dão que, com certeza, como lágrimas lá se vão”.

SOBRE O AUTOR

José Abrantes é brasileiro, carioca, nascido no bairro do Catete, no Rio de Janeiro, em 07 de fevereiro de 1951. É engenheiro mecânico (UERJ), licenciado em Desenho (UCAM/AVM), licenciado em Matemática (UCAM/AVM), especialista em docência do Ensino Fundamental e Médio (UCAM/AVM), especialista em docência do Ensino Superior (FABES/ISEP), mestre em tecnologia (CEFET/RJ) e doutor em engenharia de produção (COPPE/UFRJ). Possuí pós-doutorado na área de Educação, pela faculdade de engenharia agrícola da Universidade Estadual de Campinas (FEAGRI/UNICAMP) e pós-doutorado na faculdade de engenharia civil da Universidade Federal Fluminense (UFF), pesquisando a pedagogia/antropologia empresarial. É professor associado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), lecionando tanto na Educação Básica (Cap/Uerj), quanto no Ensino Superior (Ime/Uerj). Além deste romance histórico: “Saudades do Rio Dão”, José Abrantes tem já 15 livros publicados no Brasil, nas áreas de Educação, Engenharia e Gestão Empresaria.

Na mesa da cerimónia de apresentação, além do autor esteve o médico, Dr. António Figueiredo e o Dr. Elísio Chaves, Presidente da Direcção da Casa do Concelho de Tondela em Lisboa.

Fez a apresentação do livro o Dr. António Figueiredo que na sua intervenção salientou que o respeito por quem nos precedeu é algo muito importante na vida, “uma vez que se qualquer um de nós existe é porque alguém nos preparou o caminho”.

Prestes a terminar a sua intervenção, o Dr. António Figueiredo disse ficar feliz por saber que o Rio Dão deixa saudades, “pois este há muito tempo une um conjunto de pessoas que lhe são próximas e que as marca. Pessoas aguerridas, trabalhadoras e mais do que isso não se esquecem das suas raízes, por isso muitos parabéns a José Abrantes pela obra que escreveu que com certeza irei ler e reler”

GOSTAR DO RIO DÃO.

O Dr. Elísio Chaves salientou a importância de Abílio Abrantes pertencer a uma diáspora, uma vivência que seu filho transcreveu em “Saudades do Rio Dão, lendo a passagem que o pai antes de falecer pede três coisas.

Como era o aniversário do filho depois de lhe dar os parabéns disse «Que Deus te proteja, onde estiver estarei olhando por todos vocês» José Abrantes ficou surpreso pois seu pai não era religioso e nunca lhe falara assim. Abílio Abrantes pediu que o filho tomasse conta da sua mãe (tinha 12 anos), não fumasse porque tinha um pulmão infectado, não roubasse e estudasse.

Por fim, não esqueceu um pormenor com o qual o seu progenitor viveu toda a sua vida “quando fores adulto vai à minha Aldeia, em Portugal, porque tenho a certeza que gostarás do Rio Dão”.

O autor do livro, José Abrantes, afirmou: “Apesar de sermos obrigados a migrar ou emigrar é muito difícil viver sem as nossas raízes. Uma planta não pode viver longe das suas raízes. Quando descobriu a sua família em Portugal, no ano de 1989, nunca mais descansou IMG_0040em a descobrir”.

Depois de uma investigação curiosa descobriu uma carta de um senhor chamado Aníbal Abrantes. Fez uma fotocópia de uma parte que tinha um documento de seu pai, mencionando «a minha identidade, registo civil, depois escrevi uma carta dizendo a quem a lesse e fosse de minha família me contactasse».

As indicações como deviam ligar para o Brasil a cobrar, também seguiram, calculando que deviam ser pessoas humildes, camponeses e pobres. A carta era dirigida aos correios de Viseu e dizia: “Ajude por amor de Deus a encontrar a minha família”.

Quando esta carta chegou um trabalhador dos correios sensibilizou-se com a mensagem e descobriu que tinha uma pessoa com o apelido Abrantes tendo ido precisamente ter a casa de uma prima que residia na Rua Nova da Balsa em Viseu.

Foi assim que tudo começou, depois quando tocou, a primeira vez solo português, no aeroporto do Porto, o meu corpo tremeu, num acto involuntário e num acto voluntário beijei o solo”. A partir  desse dia passou a viver dois problemas. O primeiro de morar longe e outro de descobrir mais sobre os seus familiares. Quando a mãe de José Abrantes estava grávida dele próprio morreu no Penedo um tio com o mesmo nome. Então Abílio Abrantes decidiu vir morar para Portugal. Mas naquela época as mulheres grávidas com mais de 6 meses não podiam viajar de navio e o regresso não aconteceu, “o pai passava a mão na barriga da mãe e dizia este vai ser português legítimo. Vai nascer no alto do Penedo”.

No Rio de Janeiro José Abrantes nasceu numa casa no alto de uma montanha. Da varanda dessa casa que ainda existe vê-se a Baia de Guanabara em vez do Rio Dão. O autor do livro reconhece que vive há muitos anos “um drama existencial terrível”.

Mas há uma decisão que já tomou e que lhe poderá aliviar a alma. Na Biblioteca Municipal de Tondela anunciou:”Mesmo continuando a viver no Brasil, quando o Pai do Céu me chamar lá serei sepultado, mas cinco anos depois, os meus filhos vão trazer os meus ossos para o cemitério da Lajeosa do Dão”.

Findas as intervenções o autor da obra autografou os livros que entretanto tinham sido adquiridos.

Amorim Lopes

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