REABRIRAM AS EXTENSÕES DE SAÚDE COM O APOIO DO MUNICÍPIO DE TONDELA

As extensões de saúde do Caramulo e da Lajeosa do Dão, que tinham encerrado nas últimas semanas e que motivaram a conferência de imprensa do Presidente da Câmara como noticiamos na última edição, vão reabrir depois de resolvido o problema da falta de recursos humanos, anunciou quarta-feira (10 de fevereiro) o Município de Tondela.
Em comunicado, a Câmara disse que, apesar de esta não ser uma responsabilidade sua, “vai promover a colocação dos recursos humanos que foram entendidos como prioritários” para garantir a reabertura destas duas extensões de saúde.
“De forma transitória, e visando a reabertura imediata das extensões de saúde do Caramulo e da Lajeosa do Dão, estão reunidas condições para o reinício breve de atividade”, sublinha.
A solução encontrada surgiu na sequência de reuniões que envolveram a Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC), o Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Dão Lafões, os coordenadores das unidades de saúde do concelho e o Município, que, “num espírito de preocupação comum, procuraram satisfazer as condições necessárias aos cuidados de saúde da rede primária”, acrescenta.
Segundo a autarquia, até ao final desta semana, “a extensão da Lajeosa do Dão, com a colocação de um assistente operacional, reúne as condições necessárias à reabertura”. Já a extensão do Caramulo irá reabrir depois da “colocação de um assistente operacional e de um assistente técnico”, acrescenta.
A autarquia avançou que, no que respeita à extensão de São João do Monte, que está encerrada há alguns anos, “será efetuada uma visita com a equipa técnica da ARSC e do ACES”. O objetivo é verificar as “condições necessárias para o cumprimento das normas da Direção-Geral da Saúde em vigor, inerentes à proteção e segurança de todos os profissionais e utentes, no quadro da pandemia vivida”. “Após esta avaliação e eventual intervenção de adaptação, serão definidos os moldes de resposta aos utentes desta unidade”, refere o executivo liderado por José António Jesus.
Tudo isto foi o culminar de semanas de preocupações para os autarcas e populações que viram ser encerrada mais uma extensão de saúde por falta de pessoal.
Nesse sentido, o Presidente da Câmara José António Jesus deu uma conferência de imprensa acompanhado pelos presidentes de junta de S. João do Monte e Mosteirinho António Pereira, do Caramulo António Ferreira e da Lageosa do Dão Fernando Figueiredo, onde deu conta da preocupação do Município e das Juntas e que numa clara defesa dos seus concidadãos, não ser possível continuar a assistir à cíclica fase de encerramento de extensões de saúde, com especial incidência nos últimos tempos.

DISPERSÃO GEOGRÁFICA DO CONCELHO
A dispersão geográfica do concelho de Tondela, com os seus 371Km2 e com mais de 200 povoações, sendo que algumas distam mais de 40 Km à sede do concelho, a par de uma população envelhecida, mas também as questões inerentes aos problemas de um concelho com forte dimensão empresarial, aumentam a angústia e a necessidade que seja superada esta situação muito preocupante.
Com efeito as povoações da União de Freguesia de São João do Monte e Mosteirinho distam mais de 40km da sede do concelho, grande parte desse percurso em vias de montanha, com poucos meios de transporte públicos.
A extensão de saúde fechou em 2015, tendo sido referido na altura que seria uma situação temporária, mas que continua até hoje.
Esta extensão atendia uma população de cerca de 1.300 pessoas, e fechou por falta de um assistente administrativo, que a Junta de Freguesia se disponibilizou a colocar, mas que não foi aceite por parte das estruturas de tutela.
Estas pessoas passaram a vir ao Caramulo, e com a escassez de transportes públicos, vinham de manhã e só regressavam à noite, se não tinham que pagar um táxi.
A extensão do Caramulo, conforme noticiamos em março do ano passado também encerrou, também por falta de assistentes operacionais para lá colocar e por isso o Caramulo e a já referida população da União de Freguesia de São João do Monte e Mosteirinho, além de Paranho de Arca e Varzielas (do vizinho concelho de Oliveira de Frades) passaram a ser atendida (com as limitações conhecidas) em Campo de Besteiros. A generalidade das pessoas, num circuito de ida e volta, faz entre duas a cinco dezenas de quilómetros.
Face à situação, e ao envolvimento das autarquias (Freguesias do Guardão e São João do Monte e Mosteirinho e Câmara Municipal de Tondela) e à indignação cívica da população, a intervenção do ACES permitiu que a extensão voltasse a abrir algum tempo depois.
Mas mais recentemente, a extensão do Caramulo voltou a fechar, agora porque não tem assistentes administrativos. E todas estas voltam a vir para o Campo de Besteiros.
A Unidade de Campo de Besteiros, por sua vez, também tem escassez de assistentes administrativos. E o atendimento que está a ser prestado, segundo os utentes, não é o mais adequado – pois neste momento atende mais de um terço da população do concelho e conta apenas com um Assistente Administrativo. Se este técnico adoecer ou for de férias, esta unidade também encerra.
Relativamente à USF Cândido Figueiredo e Lajeosa do Dão, tem a sua sede em Canas de Santa Maria.
A Lajeosa do Dão, situa-se na outra extremidade do concelho e é igualmente uma freguesia caracterizada por uma população idosa. A rede de transportes é também deficitária e mesmo assim a extensão de saúde da Lajeosa fecha com regularidade, ou porque não tem médico ou porque não tem Assistentes Operacionais. A população, cerca de 1900 habitantes, passa a deslocar-se a Canas de Santa Maria, tendo para tal de percorrer, nas duas viagens, cerca de 20Km. Agora, está de novo fechada pela falta de Assistente Administrativo.
-Resta a USF Tondela e Molelos e a extensão de Molelos desta USF, à data, está em funcionamento, apesar de também ter fechado em março passado.
Parece que só a USF de Tondela, é a única unidade funcional em todo o concelho, sem constrangimentos de pessoal.
Aqui centraliza-se toda a resposta no âmbito da saúde pública, que nesta fase assume uma intervenção prioritária também.
Perante esta realidade, o Presidente da Câmara José António de Jesus mostrou “total desagrado e inquietação com aquilo que é a falta de coesão territorial evidente nestas situações”.
“Não abdicaremos do princípio que os territórios do interior ou de baixa densidade têm de ter respostas e recursos que diminuam as assimetrias em relação aos grandes centros.
Não é aceitável que neste momento o nosso concelho se depare com o encerramento de 3 extensões de saúde a caminho de uma quarta unidade por falta de Assistentes Operacionais ou Assistentes Administrativos. No período pandémico que vivemos, em que as pessoas são aconselhadas a não recorrer às urgências dos hospitais numa primeira linha de cuidados, como fazê-lo se as estruturas existentes não dão resposta?” disse José António Jesus .

URGÊNCIA DE UMA RESPOSTA
Considerando que esta problemática se vem a acentuar ao longo do tempo, e não se têm encontrado respostas definitivas para a sua resolução, “manifestamos deste modo a urgência de uma resposta por parte das entidades que detém essa competência, colocando recursos humanos que permitam reabrir as extensões de saúde de São João do Monte; Caramulo e Lajeosa do Dão”.
“Assim, depois de termos manifestado a nossa elevada preocupação junto dos serviços, exortamos a tutela a responder a esta situação gritante, sob pena do colapso iminente na resposta de proximidade, em cuidados básicos de assistência médica. Tanto mais, quando os profissionais em falta, são de fácil recrutamento, ou até poderão transitar por mobilidade no quadro da função pública, dado tratarem-se de funções onde há bastantes profissionais disponíveis”, acrescentou.
José António Jesus revelou que o Município de Tondela está disponível para, num quadro excecional, protocolar a com a tutela a colocação de colaboradores seus, que permitam que todas estas extensões de saúde possam funcionar, até que esteja solucionada a integração de novos colaboradores das estruturas da saúde.
“Se assim não for, não deixaremos de colocar a nossa voz junto dos nossos concidadãos e das respetivas autarquias de freguesia, num quadro solidário e de defesa de um valor consagrado na Constituição da República Portuguesa – o acesso aos cuidados de saúde”, referiu.
E foi assim que se resolveu a questão da falta de pessoal nas extensões de saúde em causa. A Câmara Municipal de Tondela, colocou os seus recursos humanos, para evitar que estas unidades de saúde encerram, deixando cerca de 3.000 pessoas sem acesso de proximidade aos cuidados de saúde, enquanto espera que as autoridades da Saúde, do Ministério da Saúde, resolvem em definitivo esta questão,
L.C.