HOMENAGEM AOS COMBATENTES DA 1ª GRANDE GUERRA

No passado dia 18 de Outubro foi prestada homenagem em todo o País aos Combatentes da Grande Guerra, que deflagrou precisamente em 1914 e só terminou em 1918. Foram muitos os portugueses que se viram envolvidos nesta fratricida guerra e do Concelho de Tondela um elevado número de militares combateu em França.

O Núcleo de Viseu da Liga dos Combatentes, honrou Tondela com a cerimónia de evocação do centenário do início das hostilidades e da homenagem aos militares que deste Concelho tomaram parte nas sangrentas lutas, em França em 1917 e 1918. No entanto desde o segundo semestre de 1914 já nas possessões portuguesas em África, nomeadamente Angola e Moçambique, os alemães faziam sentir a sua força, obrigando o Governo Português a enviar da Metrópole alguns contingentes militares em defesa daqueles territórios.

CERIMÓNIA EVOCATIVA

Na tarde do passado sábado, a partir das 14H30, pôde assistir-se em Tondela, no Largo Professor Doutor Anselmo Ferraz de Carvalho (Jardim Público), frente ao lindo Monumento Aos Mortos da Grande Guerra, ao início das cerimónias evocativas do centenário do começo das hostilidades, que viriam a causar a morte a muitos milhares de Combatentes Portugueses, entre eles militares do Concelho de Tondela.

A sentida e significativa homenagem aos Combatentes Portugueses que souberam honrar a Pátria, alguns à custa da própria vida, teve mensagens do Presidente da Liga dos Combatentes, Tenente-General Joaquim Chito Rodrigues, do Presidente da República e portanto Chefe Supremo das Forças Armadas, Dr. Aníbal Cavaco Silva. Presidiu a estas cerimónias nesta Cidade o Presidente da Câmara Municipal de Tondela, Dr. José António de Jesus e o Presidente do Núcleo da Liga dos Combatentes de Viseu, Tenente-Coronel José Tomás.

Uma deputação de militares

O Reverendo Padre António Silva, na sua intervenção como Sacerdote, lembrou, na oração que proferiu, com muito respeito todos aqueles que tombaram na voragem da guerra. “ Recordamos com saudade os nossos mortos e desaparecidos, entre militares e civis tragados pela terrível Grande Guerra de 1914 a 1918”.

Além dos Autarcas do Concelho, do Deputado à Assembleia da República pelo Circulo de Viseu, Dr. João Carlos Figueiredo, esteve presente também em todas as cerimónias inerentes o Presidente da Associação Nacional dos Combatentes do Ultramar, Dr. António Ferraz, assim como outros ex Combatentes do Ultramar.

Uma força de militares do Regimento de Infantaria 14 de Viseu (RIV) esteve presente em todos os actos, assim como se regista também a presença do Comandante do Posto da GNR local, A. Teixeira.

LIGA DOS COMBATENTES NÃO ESQUECE…

O Presidente do Núcleo de Viseu da Liga dos Combatentes leu a mensagem do Tenente-General, Presidente da Liga, Joaquim Chito Rodrigues, salientando a trilogia, 1ª Grande Guerra, 1ª República, Liga dos Combatentes que ainda hoje marca o século XX Português, Depois “sacrifício, guerra, solidariedade, outra, que foi marcando toda uma época que transmitiu de combatente em combatente, de família em família, até aos nossos dias”.

O orador lembrou o 9 de Abril, hoje Dia do Combatente e o 11 de Novembro, Dia do Armistício, transformou-se no País e em toda a Europa no verdadeiro Dia da Paz, entre as Nações. “A Liga dos Combatentes considera-se herdeira dos valor morais de uma tradição patriótica, humanista e cosmopolita. Legado este inscrito pelos homens soldados com suor e sangue Português na lama europeia da Flandres e nas florestas e capins de Angola e Moçambique.

Na leitura da mensagem, o centenário da guerra foi novamente focado:

“Testemunhando e dizendo em voz forte a Liga dos Combatentes não esquece nem esquecerá”. A estrada da história marcou mais tarde a geração do fim do século XX que atirou para terras africanas à procura da forma de melhor de defender os interesses vitais do País, mas com o sacrifício e o sangue de quem defendeu a Pátria. Hoje todos são conhecedores da misericórdia, solidariedade, apoio mútuo, que ao longo de quase um século a Liga dos Combatentes garantiu a combatentes deficientes, traumatizados, idosos, carenciados e excluídos socialmente, Mesmo incluindo as suas famílias, numa acção numa acção complementar pelos deveres do Estado, sem nunca ter fechado as suas portas: “Permita-nos gritar bem alto, aqueles que se batem fora das fronteiras do País, pelos interesses nacionais que vale a pena respirar o ar do dever cumprido, mas se algum dia, após o regresso, a vida os trair sabem que existe uma Instituição perene que os apoia hoje e apoiará no futuro”.

É assim o passado, o presente e o futuro, trilogia da vida que se conjuga na Liga dos Combatentes, desde a 1ª República aos nossos dias, sempre da mesma forma, promovendo valores, como a permanente defesa do direitos e deveres do Combatente Português. “Esta é a filosofia de princípios que reafirmamos na evolução do centenário da Grande Guerra”.

VALORES TÃO NOBRES QUE QUEREMOS PERPETUAR

Na sua intervenção, o Presidente da Câmara Municipal de Tondela, Dr. José António de Jesus, após os cumprimentos às entidades civis e militares, salientou o alto significado desta homenagem, ao evocar o centenário da 1ª Grande Guerra. “Um momento particular, evocado junto porventura a um dos monumentos mais simbólicos constituídos para este fim, que representa essa forma abnegada, o cumprimento de uma missão no respeito pelos valores da Pátria, mas acima de tudo, numa missão de defesa dos valores legítimos, então da Pátria Portuguesa, mas sempre no pressuposto de que a solidariedade, a união e a cooperação são valores intemporais importantes para todas as gerações”.

O Dr. José António de Jesus manifestou o orgulho de estar nesta cerimónia e a forma com foi desenhada no Concelho, concluindo:

“É um reconhecimento histórico por todos aqueles que há um século tombaram na defesa da nossa Pátria. Na defesa dos valores da liberdade e de valores tão nobres que queremos perpetuar”.

TESTEMUNHO SUBLIME

O Sargento-Ajudante Machado do RIV leu em seguida a mensagem do Senhor Presidente da República, Dr. Aníbal Cavaco Silva, Comandante Supremo das Forças Armadas Portuguesas, sobre o Centenário, escreveu:

“Cumprimos o compromisso de honra de manter viva a memória do exemplo da sua dedicação à Pátria. A promessa de o fazer em frente aos Monumentos evocativos da Grande Guerra, memoriais de testemunho e sacrifício que milhares de Portugueses se dispuseram a dar a vida por Portugal. Nos campos de batalha da Flandres, Angola e Moçambique sem esquecer aqueles que pereceram no flagelo do cativeiro num quadro de extrema miséria e completo esquecimento. A Primeira Grande Guerra marcou o percurso da história contemporânea, europeia e mundial. Foi com esta que terminaram os grandes impérios, desenhando o mapa político da Europa e alteração a relação de poder entre os Estados.

O início deste conflito coincidiu com um período de instabilidade em Portugal com uma profunda crise política e económica que levou a descurar de forma comprometedora capacidade militar do País”. (…)

Na sua mensagem, o Senhor Presidente da República afirma: “Por isso fica  o testemunho sublime de uma vontade inquebrantável de uma capacidade de sofrimento e sacrifício sem limites de um punhado de Portugueses que honraram Portugal nos campos de batalha de África e da Flandres.

Foram estes que serviram Portugal com todo o desprendimento e humildade dos grandes e o seu esforço não foi em vão. É habitual que aprendemos com o passado, nunca deixando de valorizar a paz e liberdade e nunca subestimando aqueles que as conquistaram e as mantêm.

Como as vozes dos soldados caídos que encontraram no fundo do sofrimento alcancem o descanso final. Que Fique o seu exemplo e legado que deixaram para as gerações futuras.

A memória da Grande Guerra deve constituir-se um tributo ao sacrifício, ao valor e carácter do Soldado Português”.

Prestes a terminar a cerimónia junto ao Monumento Aos Mortos da Grande Guerra, O Presidente do Município de Tondela e o Tenente-Coronel José Tomás, descerraram uma placa evocativa do Centenário da 1ª Grande Guerra, que até então estava tapada com a bandeira nacional, tendo também anteriormente ali sido colocada uma coroa de flores.

Entretanto foi oferecida ao Presidente do Município de Tondela uma medalha pelo Núcleo de Viseu da Liga de Combatentes.

Como estava previsto, seguiu-se a romagem ao Cemitério Municipal de Tondela, com visita expressa ao talhão da Liga dos Combatentes, onde foi deposta uma coroa de flores em homenagem aos militares que estão ali sepultados e aos restantes em diversos jazigos e sepulcros de família.

No final da cerimónia, no Talhão dos Combatentes, o Presidente do Núcleo da Liga dos Combatentes elogiou a dignidade que o Município deu ao talhão, onde repousam os restos mortais de alguns Combatentes do Concelho, tendo agradecido ao Dr. José António de Jesus todo o cuidado e esmero que o Município teve na sua recuperação.

Amorim Lopes