Esta é a festa da padroeira da vila de Canas de Santa Maria.
Desconhecendo-se o ano em que a paróquia começou a denominar a sua padroeira por Nossa Senhora da Saúde, sabe-se que desde os primórdios da origem das terras de Canas, já era a Santa Maria, a mãe de Jesus que os nossos antepassados recorriam e consagraram este território.
Hoje a nossa terra é denominada Canas de Santa Maria e nos primórdios, talvez antes do século XII, chamava-se Santa Maria de Canas.
A devoção à Nossa Senhora é assim muito antiga, e nos altares da Igreja Matriz, são muitas as imagens de Nossas Senhoras que aí perduram.
Logo no altar-mor, bem no centro, está a imagem mais antiga da Nossa Senhora, que no alto, vela
e reza pela comunidade. À sua direita e à esquerda, está a imagem da Nossa Senhora do Carmo e da Nossa Senhora da Saúde. Depois há o altar da Nossa senhora de Fátima e nos outros altares, temos a Nossa Senhora do Livramento, Santa Luzia, Santa Eufémia, Santa Terezinha, Nossa Senhora da Conceição e outras que não conheço a denominação. O que podemos dizer, é que na Igreja Matriz de Canas há muitas imagens da Nossa Senhora e de outras Santas de Deus, que demonstra a devoção do povo de Canas à Mãe do Céu
Mas voltemos à festa da Nossa Senhora da Saúde que atrai muitos devotos de outras paragens e que congrega a comunidade paroquial em torno da devoção Aquela a quem tudo se pede em momentos de aflição e a quem muitos agradecem o maior bem que é a saúde.
Desde amanhã que os sinos anunciam o dia grande de ação de Graças a Nossa Senhora, um dia de feriado nacional, porque é dia da subida ao Céu em corpo e alma da mãe do salvador.
Como referiu o anterior pároco de Canas, Padre João Dinis, Maria mãe de Jesus Filho Unigênito de Deus, não podia conhecer a morte, ela que nunca abandonou Jesus na provação do Calvário, e que foi a Maria do SIM, sem questionar os desígnios de Deus.
A HISTÓRIA DO MENINO FRANCÊS
Conta-se que Gilles Bouhours um menino francês com cinco anos, “ajudou” o papa Pio XII a proclamar o dogma da Assunção da
Virgem Maria em 1º de novembro de 1950.
Pio XII, que recebeu a consagração episcopal no dia da primeira aparição de Nossa Senhora de Fátima, em 13 de maio de 1917, havia pedido à Nossa Senhora um sinal, que veio em carne e osso na pessoa de Gilles.
O menino revelou ao Santo Padre um segredo que a Mãe de Deus lhe teria comunicado para ser transmitida ao Papa: ‘Santíssima Virgem não morreu; subiu ao céu em corpo e alma”.
O pequeno Gilles Bouhours nasceu na França em 27 de novembro de 1944. Antes de completar um ano de idade, teve meningite e encefalite. Naquela época, esse diagnóstico significaria a morte, mas o menino sobreviveu.
Conta-se também que ele teria tido várias aparições de Nossa Senhora, a primeira das quais teria ocorrido em 30 de setembro de 1947.
Em 13 de dezembro de 1948, após outra aparição, Gilles disse a seu pai que tinha um “segredo” que deveria contar ao papa, o que o levou ao encontro com Pio XII em 1950.
Como é fácil de compreender, o pai não levou a sério o pedido de um menino com pouco mais de cinco anos. Gilles, entretanto, continuou insistindo que tinha que ver o Papa. E como o pai acreditava que ele via a Nossa Senhora, resolveu atendê-lo. A mãe quis saber o que é que ele tinha a dizer a Pio XII, ao que ele respondeu: “mãe, a mensagem é para ele, e não para si”. O pai perguntou-lhe “E tu sabes quem é o Papa?”. Gilles respondeu: “O Papa é o Papa, e eu tenho que lhe transmitir uma mensagem da Virgem”.
Perante isto e com a ajuda dos vizinhos que se uniram para custear a viagem, pai e filho, rumaram a Roma em 1949.
Quando chegaram a Roma ficaram num colégio de religiosas francesas, sem que praticamente ninguém soubesse de sua chegada. Sucedeu então uma coisa incrível, no dia seguinte, um emissário do Papa procurou no colégio uma criança da região de Lourdes, com um recado do Papa.
Gilles nesta primeira visita disse: “Santo Padre, eu vejo a Santíssima Virgem. Ela é bela, toda de branco, e deu-me alguns segredos que não devo dizer senão a vós!”. Mas nesta visita o pequeno Gilles não conseguiu
que o Papa o ouvisse o segredo.
No dia 16 de abril de 1950, durante a aparição de Nossa Senhora em Espis, por recomendação do pai, Gilles pergunta à Santíssima Virgem quando é que deveria retornar a Roma para falar com o Papa. Nossa Senhora referiu taxativamente: “Quarta-feira”.
Como da outra vez, o pai e Gilles são recebidos na grande sala de audiência, onde vários grupos aguardavam para ver o Santo Padre. Após serem abençoados e se retirarem, chegou o momento de o Sr. Bouhours e seu filho serem introduzidos — segundo consta pelo próprio Monsenhor Montini, futuro Paulo VI — à sala onde estava Pio XII. Pai e filho põem-se de joelhos, o Pontífice lhes dá a bênção e o anel para oscular. Entusiasmado, Gilles bate palmas e grita: “Viva o Papa!”.
Mons. Montini diz então ao pai que ponha o filhinho de pé sobre uma cadeira, para que fique à altura do Santo Padre, e depois convida-o a retirar-se da sala, de maneira a ficarem só o Papa e Gilles.
O encontro durou de 5 a 6 minutos, findo os quais o pai foi reintroduzido na sala, que deu a Pio XII uma foto tipo cartão-postal, representando a imagem da Santíssima Virgem como Gilles A vê em Espis. O Papa rebeceu-a com alegria, e guardou-a consigo.
O pequeno Gilles, conforme disse depois a um padre, comunicou ao Papa que “A Santa Virgem não está morta. Ela subiu ao céu em corpo e alma”. E que Ela lhe aparecia cada mês, no dia 13, no bosque de Espis.
Importa notar que, segundo assessores do Pontífice, este havia pedido um “sinal” para confirmar se deveria proclamar o dogma da Assunção de Nossa Senhora aos Céus durante o Ano Santo de 1950. Depois dessa audiência, circulou em certos meios do Vaticano que a revelação que lhe fora feita pelo menino francês teria sido considerada por Pio XII como o “sinal” que ele havia pedido. O que o levou a decidir proclamar esse dogma alguns meses depois, no dia de Todos os Santos de 1950, através da Constituição Apostólica do Papa Pio XII chamada Munificentissimus Deus, foi definido o dogma da Assunção de Nossa Senhora em corpo e alma ao céu.
Acredita-se assim que após sua vida terrena, Maria foi levada ao céu em corpo e alma, evento conhecido como “Assun
ção”.
É nesta fé que o povo de Canas venera a Nossa Senhora da Saúde, que subiu ao Céu em corpo e alma, e que está constantemente a interceder por nós.
FESTA DA PADROEIRA
É uma festa religiosa, que congrega na igreja Matriz muitos devotos e crentes, que vêm agradecer a graça recebida da saúde.
Como no passado, tudo é preparado na semana anterior. O templo está limpo de cima abaixo, os andores são preparados e no dia 15 a azáfama dos últimos preparativos começam cedo.
No adro foram colocadas cadeiras e o som foi instalado para que as pessoas que não cabem na igreja possam assistir à missa.
Os elementos da Legião de Maria do presidiu de Nossa Senhora da Saúde de Canas, preparam antecipadamente todos os momentos da celebração para que nada seja esquecido, e às 10,30 horas deu-se início à procissão que percorre o percurso maior por algumas ruas do centro da vila.
A Irmandade do Sagrado Coração de Jesus, com quase 150 anos de existência, abre a procissão.
Depois seguem-se os andores da Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora do Livramento e Santa Eufémia, por último o andor da Nossa Senhora da Saúde transportada por quem anualmente faz a festa em cumprimento duma promessa, que este ano foi a Luísa Silva natural de Canas e residente em Lisboa, rodeada dos elementos da Legião de Maria, que fazem um cordão de honra em volta do andor. Depois vão os padres e diáconos, a banda Filarmónica de S. João de Areia e por fim a imensidão do povo.
Pelas ruas, engalanadas com colchas, as flores em forma de pétalas são lançadas aos andores. Cumpre-se a tradição de louvor e de fé.
Pelo caminho muitas pessoas a ver a procissão e junto à capela do São Pedro, os nossos idosos do Centro Paroquial esperavam para ver a procissão passar e lembrar tempos idos quando eram eles a participar nesta devoção.
De notar que nesta procissão da padroeira só vão as Santas e que na procissão do S. Pedro o segundo padroeiro de Canas, só vão os santos, embora este ano, infelizmente, só tenha saído o andor do São Pedro.
A missa, este ano celebrada pelo padre João Dinis, que foi pároco mais de 40 anos em Canas,
porque o padre João Pedro estava a celebrar em Tonda a Nossa Senhora dos Milagres, onde também é pároco, foi o momento de agradecimento à Nossa Senhora que protege há muitos séculos, as gentes e terras de Santa Maria de Canas.
A emoção, a alegria e o sacrifício, tomou muitos momentos desta celebração, que nos lembra que a Nossa Senhora, não nos desampara, e que foi abrilhantada pelo Grupo Coral da Paróquia.
O 15 de agosto é o momento alto da paróquia de Canas e nesta data novas mordomas dos altares são nomeadas e novas equipas de limpeza semanal da igreja também.
Com a Nossa Senhora da Saúde, a abençoar Canas, tudo é mais fácil mesmo quando o peso da cruz é insuportável, mesmo quando a doença nos consome a alma, com Ela, a vida é para ser vivida, com alegria, com amizade e em solidariedade com os mais débeis e vulneráveis.
Neste mundo, de guerra de atrocidades contra as mulheres, crianças e migrantes, que Nossa Senhora da Saúde rogue por nós para que o nosso coração não vire pedra perante os sofrimentos dos outros.
MJJ
Folha de Tondela Jornal centenário da região de Viseu